B"H
Olá pessoas!
Continuação de A Fazenda Blackwood, agora sob o ponto de vista de nosso herói apaixonante Lestat!
CONTINUE A LER POR SUA CONTA E RISCO. CONTÉM SPOILERS SOBRE O LIVRO ANTERIOR!
Quinn nos deixou aflitos por saber o que aconteceria agora que Lestat ofereceu o Sangue Negro para Mona Mayfair que não aguentaria sobreviver por nem mais alguns minutos. A história de A Fazenda Blackwood termina com Mona aceitando a oferta de se tornar uma Filha da Noite ou Caçadora do Sangue, ou Vampira pra quem for mais antiquado. Pois é, e ai... o que acontece? Quinn silencia sua história porque agora já não se trata mais dele e sim do novo clã presidido por Lestat, e nada mais justo do que deixar que nosso herói continue a história. E é neste ponto em que os encontramos no eletrizante Cânticos de Sangue, sabendo que Rowan Mayfair e padre Kevin Mayfair estão chegando à mansão no instante em que Lestat está oferecendo a vida eterna para Mona. O que acontecerá? É óbvio, Mona se torna mais uma vampira dentre os do clã Mayfair, o clã de bruxos mais poderoso do mundo (será? O.O). E a história se repete. Lestat agora tem novamente duas crias, uma legítima e uma adotada que precisam dele para sobreviver a si mesmas, e para desvendarem um mistério que persegue a família Mayfair e do qual Mona não consegue fugir, os Taltos. Quem são? O que querem? Onde estão? Estas são algumas das perguntas que Lestat precisa descobrir. Junto a isso existe a dor da nova paixão de Lestat, Rowan, a bruxa líder da família que enlouquece ao descobrir instintivamente o destino de sua sobrinha Mona. Michael, marido de Rowan, procura desesperado pela ajuda de Lestat para trazer sua esposa de volta à sanidade, enquanto nosso grupo de vampiros heróis precisa arranjar um modo de se livrar de mais um fantasma que passa a assombrar a Mansão Blackwood, e o guardião dos Mayfair, Oncle Julien, que resolve assombrar Lestat por ter dado o sangue negro para Mona.
Resumindo, é uma das histórias mais eletrizantes das "Crônicas Vampirescas", que retorna à sua origem mais gótica sem perder nem por um segundo o humor adquirido ao longo do tempo, nem a capacidade de nos apaixonar. Vemos um Lestat as voltas com o mundo moderno e suas tranqueiras e sua própria incapacidade de se deixar convencer de que está ultrapassado. Lestat nos mergulha em uma viagem fantástica por um mundo muito mais complexo do que o que conhecemos até agora, e nos mostra sua alma transformada depois de tudo o que passou nos últimos livros. É incrível, arrebatador, hilário e emocionante... é... Lestat!
Este é, infelizmente, o último livro das "Crônicas Vampirescas" e Anne já avisou que não escreverá mais nenhum sobre esse nosso tema tão querido. Torçamos para que ela não aguente de saudade dos nossos heróis queridos animadas pelo Sangue Negro. =)
"Quero ser santo. Quero salvar almas aos milhões. Quero fazer o bem por todos os cantos do mundo. Quero combater o mal! Quero minha imagem em tamanho natural em todas as igrejas. Estou falando de uma estátua de um metro e oitenta, cabelo louro, olhos azuis...
Espera aí.
Você sabe quem eu sou?
Estou pensando que talvez você seja um leitor novo e nunca tenha ouvido falar de mim.
Bem, se for esse o caso, deixe que eu me apresente, o que eu sim-plesmente fico louco para fazer no início de cada um dos meus livros.
Sou o Vampiro Lestat, o vampiro mais poderoso e adorável jamais criado, um arraso sobrenatural, com dois séculos de idade, mas eternizado na forma de um rapaz de vinte anos com um corpo e um rosto lindos de morrer, e talvez você até morra mesmo. São infinitos os recursos que tenho à minha disposição e é impossível negar que sou encantador. A morte, a doença, o tempo, a gravidade, nada significam para mim.
Tenho apenas dois inimigos: a luz do dia, pois me deixa totalmente sem vida e vulnerável à queimadura dos raios do sol, e a consciência. Em outras palavras, sou condenado a habitar a noite eterna e procuro sangue num tormento interminável.
Isso não faz com que eu pareça irresistível?
E, antes de continuar minha fantasia, permita-me assegurar-lhe:
Sei muito bem como ser um escritor completo, pós-renascentista, pós-século XIX, pós-moderno, pós-pop. Não faço a desconstrução de nada. Ou seja, você vai receber aqui uma história inteira — com início, meio e fim. Estou falando de enredo, personagens, suspense, o serviço completo.
Vou cuidar de você. Portanto, tranqüilize-se e continue a ler. Você não vai se arrepender. Acha que não quero novos leitores? Meu nome é sede, meu bem. Eu preciso de você!
No entanto, já que estamos fazendo um pequeno intervalo daquela minha obsessão por me tornar santo, tenho algumas palavras para meus seguidores dedicados. Vocês, recém-chegados, devem apenas acom-panhar a história. Sem dúvida, não vai ser difícil. Por que eu iria fazer alguma coisa que vocês achassem difícil? Eu estaria me sabotando, certo?
Agora, a vocês que me adoram. Vocês sabem, esses milhões.
Vocês dizem que querem ouvir falar de mim. Deixam rosas amarelas no meu portão em Nova Orleans, com bilhetes escritos a mão: “Lestat, volte a falar conosco. Dê-nos um novo livro. Lestat, nós adoramos as Crônicas Vampirescas. Lestat, por que não ouvimos nada de você? Lestat, volte, por favor.”
Mas eu lhes pergunto, meus amados seguidores (ei, não se pisoteiem todos para me responder), o que foi mesmo que aconteceu quando lhes dei Memnoch? Hein? Essa foi a última das Crônicas Vampirescas escrita por mim com minha própria voz.
Ah, vocês compraram o livro. Não estou me queixando disso, meus amados leitores. Na verdade, Memnoch superou em vendas todas as outras Crônicas Vampirescas. O que vocês acham desse detalhe vulgar? Mas vocês se envolveram com a história? Vocês a entenderam? Releram? Acreditaram nela?
Eu fui à Corte de Deus Todo-Poderoso e às profundezas uivantes da Perdição, meninos e meninas, e lhes passei fielmente minhas confissões até o último tremor de confusão e aflição, tentando induzi-los a compreender através de minhas próprias palavras por que fugi dessa apavorante oportunidade de realmente me tornar um santo. E o que vocês fizeram? Vocês reclamaram!
“Onde estava Lestat, o Vampiro?” Era só isso o que vocês queriam saber. Onde estava Lestat em sua vistosa sobrecasaca preta, com suas pequenas presas quando sorria, caminhando em botas inglesas pelo submundo sofisticado da cidade sinistra e elegante de todos nós, lotada de vítimas humanas a se contorcer, a maioria das quais merece mesmo o beijo vampiresco? Foi só nisso que vocês falaram!
Onde estava Lestat, o insaciável ladrão de sangue e destruidor de almas; Lestat, o vingativo; Lestat, o astucioso; Lestat, o... bem, na realidade... Lestat, o Magnífico?
É, gosto desse aí: Lestat, o Magnífico. Parece um nome adequado para mim neste livro. E, quando se olha bem fundo, sou mesmo magnífico. Entendam bem, alguém precisa dizer isso. Mas voltemos a todo aquele alvoroço com Memnoch.
“Não queremos esses restos destroçados de um xamã!”, disseram vocês. “Queremos nosso herói. Onde está sua clássica Harley? Que ele dê a partida e saia roncando pelas ruas e becos do French Quarter. Que saia cantando no vento com a música que vibra nos minúsculos fones de ouvido sobre as sombras púrpuras que caíam sobre a cidade, o cabelo louro voando, solto.”
Bem, legal, gosto mesmo dessa imagem. Sem dúvida. Ainda tenho a motocicleta. E é verdade, adoro sobrecasacas, que mando fazer sob medida.
Quanto a isso, não sou eu quem vai discutir. E as botas, sempre. Querem saber o que estou usando agora?
Não vou contar!
Bem, pelo menos não por enquanto.
Mas pensem bem no que estou tentando dizer.
Dou-lhes ali uma visão metafísica da Criação e da Eternidade, a história (mais ou menos) inteira do cristianismo, com uma fartura de meditações sobre o Cosmo, com letra maiúscula — e o que recebo em troca? “Que tipo de romance é esse?”, vocês perguntam. “Não o mandamos ir para o Céu e para o Inferno! Queremos que você seja o facínora requintado!”
Mon Dieu! Vocês me matam de tristeza! Verdade! Quero que saibam disso. Por mais que eu os adore, por mais que precise de vocês, por mais que não consiga existir sem vocês, você me matam de tristeza!
Vão em frente, joguem fora este livro. Cuspam em mim. Falem mal de mim. Eu os desafio. Expulsem-me de sua órbita intelectual. Tirem-me de sua mochila. Lancem-me na lata de lixo do aeroporto. Larguem-me num banco no Central Park.
Será que me importo?
Não. Não quero que façam isso. Não façam nada disso.
NÃO!
Quero que leiam cada página que escrevo. Quero que minha prosa os envolva. Se eu pudesse, beberia seu sangue para viciar vocês em cada lembrança que tenho dentro de mim, cada mágoa, cada referência, cada vitória temporária, derrota mesquinha, momento místico de entrega. E, tudo bem, vestirei algo de acordo com a ocasião. Alguma vez deixei de me vestir de acordo? Alguém tem melhor aparência usando trapos do que eu?
Suspiro.
Detesto meu vocabulário!
Por que será que, não importa o quanto eu leia, acabo dando a im-pressão de ser um sórdido marginal internacional?
Naturalmente, um bom motivo para isso é minha obsessão com a produção de uma narrativa para o mundo mortal que possa ser lida praticamente por qualquer um. Quero meus livros em bibliotecas de universidades e acampamentos de trailers. Vocês sabem o que quero dizer? Apesar de toda a minha sede cultural e artística, não sou um elitista. Vocês não tinham adivinhado?
Mais um suspiro.
Estou desesperado demais! Uma psiquê permanentemente sobrecarregada, é esse o destino de um vampiro pensante. Eu deveria estar por aí, matando algum bandido, lambendo seu sangue como se fosse picolé. Em vez disso, estou escrevendo um livro.
E por isso que nenhuma quantidade de dinheiro ou de poder consegue me calar por muito tempo. O desespero é a origem da fonte. E se tudo isso não fizer sentido? E se toda essa mobília francesa com ouropel e marchetaria em couro não fizer diferença no grande esquema de tudo? Pode-se tremer de desespero nos salões de um palácio tanto quanto numa vaga de albergue. Para não falar num caixão! Mas pode se esquecer do caixão, meu bem. Não sou mais o que se poderia chamar de vampiro de caixão. É uma palhaçada. Não que eu não gostasse deles quando dormia dentro de um. De certo modo, nada se assemelha a eles — mas o que eu estava dizendo?
Ah, sim, vamos seguir adiante..." (Lestat)
Olá pessoas!
Continuação de A Fazenda Blackwood, agora sob o ponto de vista de nosso herói apaixonante Lestat!
CONTINUE A LER POR SUA CONTA E RISCO. CONTÉM SPOILERS SOBRE O LIVRO ANTERIOR!
Quinn nos deixou aflitos por saber o que aconteceria agora que Lestat ofereceu o Sangue Negro para Mona Mayfair que não aguentaria sobreviver por nem mais alguns minutos. A história de A Fazenda Blackwood termina com Mona aceitando a oferta de se tornar uma Filha da Noite ou Caçadora do Sangue, ou Vampira pra quem for mais antiquado. Pois é, e ai... o que acontece? Quinn silencia sua história porque agora já não se trata mais dele e sim do novo clã presidido por Lestat, e nada mais justo do que deixar que nosso herói continue a história. E é neste ponto em que os encontramos no eletrizante Cânticos de Sangue, sabendo que Rowan Mayfair e padre Kevin Mayfair estão chegando à mansão no instante em que Lestat está oferecendo a vida eterna para Mona. O que acontecerá? É óbvio, Mona se torna mais uma vampira dentre os do clã Mayfair, o clã de bruxos mais poderoso do mundo (será? O.O). E a história se repete. Lestat agora tem novamente duas crias, uma legítima e uma adotada que precisam dele para sobreviver a si mesmas, e para desvendarem um mistério que persegue a família Mayfair e do qual Mona não consegue fugir, os Taltos. Quem são? O que querem? Onde estão? Estas são algumas das perguntas que Lestat precisa descobrir. Junto a isso existe a dor da nova paixão de Lestat, Rowan, a bruxa líder da família que enlouquece ao descobrir instintivamente o destino de sua sobrinha Mona. Michael, marido de Rowan, procura desesperado pela ajuda de Lestat para trazer sua esposa de volta à sanidade, enquanto nosso grupo de vampiros heróis precisa arranjar um modo de se livrar de mais um fantasma que passa a assombrar a Mansão Blackwood, e o guardião dos Mayfair, Oncle Julien, que resolve assombrar Lestat por ter dado o sangue negro para Mona.
Resumindo, é uma das histórias mais eletrizantes das "Crônicas Vampirescas", que retorna à sua origem mais gótica sem perder nem por um segundo o humor adquirido ao longo do tempo, nem a capacidade de nos apaixonar. Vemos um Lestat as voltas com o mundo moderno e suas tranqueiras e sua própria incapacidade de se deixar convencer de que está ultrapassado. Lestat nos mergulha em uma viagem fantástica por um mundo muito mais complexo do que o que conhecemos até agora, e nos mostra sua alma transformada depois de tudo o que passou nos últimos livros. É incrível, arrebatador, hilário e emocionante... é... Lestat!
Este é, infelizmente, o último livro das "Crônicas Vampirescas" e Anne já avisou que não escreverá mais nenhum sobre esse nosso tema tão querido. Torçamos para que ela não aguente de saudade dos nossos heróis queridos animadas pelo Sangue Negro. =)
"Quero ser santo. Quero salvar almas aos milhões. Quero fazer o bem por todos os cantos do mundo. Quero combater o mal! Quero minha imagem em tamanho natural em todas as igrejas. Estou falando de uma estátua de um metro e oitenta, cabelo louro, olhos azuis...
Espera aí.
Você sabe quem eu sou?
Estou pensando que talvez você seja um leitor novo e nunca tenha ouvido falar de mim.
Bem, se for esse o caso, deixe que eu me apresente, o que eu sim-plesmente fico louco para fazer no início de cada um dos meus livros.
Sou o Vampiro Lestat, o vampiro mais poderoso e adorável jamais criado, um arraso sobrenatural, com dois séculos de idade, mas eternizado na forma de um rapaz de vinte anos com um corpo e um rosto lindos de morrer, e talvez você até morra mesmo. São infinitos os recursos que tenho à minha disposição e é impossível negar que sou encantador. A morte, a doença, o tempo, a gravidade, nada significam para mim.
Tenho apenas dois inimigos: a luz do dia, pois me deixa totalmente sem vida e vulnerável à queimadura dos raios do sol, e a consciência. Em outras palavras, sou condenado a habitar a noite eterna e procuro sangue num tormento interminável.
Isso não faz com que eu pareça irresistível?
E, antes de continuar minha fantasia, permita-me assegurar-lhe:
Sei muito bem como ser um escritor completo, pós-renascentista, pós-século XIX, pós-moderno, pós-pop. Não faço a desconstrução de nada. Ou seja, você vai receber aqui uma história inteira — com início, meio e fim. Estou falando de enredo, personagens, suspense, o serviço completo.
Vou cuidar de você. Portanto, tranqüilize-se e continue a ler. Você não vai se arrepender. Acha que não quero novos leitores? Meu nome é sede, meu bem. Eu preciso de você!
No entanto, já que estamos fazendo um pequeno intervalo daquela minha obsessão por me tornar santo, tenho algumas palavras para meus seguidores dedicados. Vocês, recém-chegados, devem apenas acom-panhar a história. Sem dúvida, não vai ser difícil. Por que eu iria fazer alguma coisa que vocês achassem difícil? Eu estaria me sabotando, certo?
Agora, a vocês que me adoram. Vocês sabem, esses milhões.
Vocês dizem que querem ouvir falar de mim. Deixam rosas amarelas no meu portão em Nova Orleans, com bilhetes escritos a mão: “Lestat, volte a falar conosco. Dê-nos um novo livro. Lestat, nós adoramos as Crônicas Vampirescas. Lestat, por que não ouvimos nada de você? Lestat, volte, por favor.”
Mas eu lhes pergunto, meus amados seguidores (ei, não se pisoteiem todos para me responder), o que foi mesmo que aconteceu quando lhes dei Memnoch? Hein? Essa foi a última das Crônicas Vampirescas escrita por mim com minha própria voz.
Ah, vocês compraram o livro. Não estou me queixando disso, meus amados leitores. Na verdade, Memnoch superou em vendas todas as outras Crônicas Vampirescas. O que vocês acham desse detalhe vulgar? Mas vocês se envolveram com a história? Vocês a entenderam? Releram? Acreditaram nela?
Eu fui à Corte de Deus Todo-Poderoso e às profundezas uivantes da Perdição, meninos e meninas, e lhes passei fielmente minhas confissões até o último tremor de confusão e aflição, tentando induzi-los a compreender através de minhas próprias palavras por que fugi dessa apavorante oportunidade de realmente me tornar um santo. E o que vocês fizeram? Vocês reclamaram!
“Onde estava Lestat, o Vampiro?” Era só isso o que vocês queriam saber. Onde estava Lestat em sua vistosa sobrecasaca preta, com suas pequenas presas quando sorria, caminhando em botas inglesas pelo submundo sofisticado da cidade sinistra e elegante de todos nós, lotada de vítimas humanas a se contorcer, a maioria das quais merece mesmo o beijo vampiresco? Foi só nisso que vocês falaram!
Onde estava Lestat, o insaciável ladrão de sangue e destruidor de almas; Lestat, o vingativo; Lestat, o astucioso; Lestat, o... bem, na realidade... Lestat, o Magnífico?
É, gosto desse aí: Lestat, o Magnífico. Parece um nome adequado para mim neste livro. E, quando se olha bem fundo, sou mesmo magnífico. Entendam bem, alguém precisa dizer isso. Mas voltemos a todo aquele alvoroço com Memnoch.
“Não queremos esses restos destroçados de um xamã!”, disseram vocês. “Queremos nosso herói. Onde está sua clássica Harley? Que ele dê a partida e saia roncando pelas ruas e becos do French Quarter. Que saia cantando no vento com a música que vibra nos minúsculos fones de ouvido sobre as sombras púrpuras que caíam sobre a cidade, o cabelo louro voando, solto.”
Bem, legal, gosto mesmo dessa imagem. Sem dúvida. Ainda tenho a motocicleta. E é verdade, adoro sobrecasacas, que mando fazer sob medida.
Quanto a isso, não sou eu quem vai discutir. E as botas, sempre. Querem saber o que estou usando agora?
Não vou contar!
Bem, pelo menos não por enquanto.
Mas pensem bem no que estou tentando dizer.
Dou-lhes ali uma visão metafísica da Criação e da Eternidade, a história (mais ou menos) inteira do cristianismo, com uma fartura de meditações sobre o Cosmo, com letra maiúscula — e o que recebo em troca? “Que tipo de romance é esse?”, vocês perguntam. “Não o mandamos ir para o Céu e para o Inferno! Queremos que você seja o facínora requintado!”
Mon Dieu! Vocês me matam de tristeza! Verdade! Quero que saibam disso. Por mais que eu os adore, por mais que precise de vocês, por mais que não consiga existir sem vocês, você me matam de tristeza!
Vão em frente, joguem fora este livro. Cuspam em mim. Falem mal de mim. Eu os desafio. Expulsem-me de sua órbita intelectual. Tirem-me de sua mochila. Lancem-me na lata de lixo do aeroporto. Larguem-me num banco no Central Park.
Será que me importo?
Não. Não quero que façam isso. Não façam nada disso.
NÃO!
Quero que leiam cada página que escrevo. Quero que minha prosa os envolva. Se eu pudesse, beberia seu sangue para viciar vocês em cada lembrança que tenho dentro de mim, cada mágoa, cada referência, cada vitória temporária, derrota mesquinha, momento místico de entrega. E, tudo bem, vestirei algo de acordo com a ocasião. Alguma vez deixei de me vestir de acordo? Alguém tem melhor aparência usando trapos do que eu?
Suspiro.
Detesto meu vocabulário!
Por que será que, não importa o quanto eu leia, acabo dando a im-pressão de ser um sórdido marginal internacional?
Naturalmente, um bom motivo para isso é minha obsessão com a produção de uma narrativa para o mundo mortal que possa ser lida praticamente por qualquer um. Quero meus livros em bibliotecas de universidades e acampamentos de trailers. Vocês sabem o que quero dizer? Apesar de toda a minha sede cultural e artística, não sou um elitista. Vocês não tinham adivinhado?
Mais um suspiro.
Estou desesperado demais! Uma psiquê permanentemente sobrecarregada, é esse o destino de um vampiro pensante. Eu deveria estar por aí, matando algum bandido, lambendo seu sangue como se fosse picolé. Em vez disso, estou escrevendo um livro.
E por isso que nenhuma quantidade de dinheiro ou de poder consegue me calar por muito tempo. O desespero é a origem da fonte. E se tudo isso não fizer sentido? E se toda essa mobília francesa com ouropel e marchetaria em couro não fizer diferença no grande esquema de tudo? Pode-se tremer de desespero nos salões de um palácio tanto quanto numa vaga de albergue. Para não falar num caixão! Mas pode se esquecer do caixão, meu bem. Não sou mais o que se poderia chamar de vampiro de caixão. É uma palhaçada. Não que eu não gostasse deles quando dormia dentro de um. De certo modo, nada se assemelha a eles — mas o que eu estava dizendo?
Ah, sim, vamos seguir adiante..." (Lestat)
Comentários
Postar um comentário
B"H
Obrigado por comentar. O mais breve possível sua mensagem será incorporada ao blog.