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La Mala Educación, de Pedro Almodóvar

Já na abertura do filme, há uma sucessão de pedaços de papel rasgados cujos temas são vários. Porém, a intenção de Almodóvar parece ser a mesma: unir o sagrado e o profano, nesse processo de colagem, para fazer com que o espectador entenda que um não pode existir sem o outro. São dois lados da mesma moeda. "La Mala Educación" foi rodado em 2004, na Espanha, brindando quem assiste com belíssimas paisagens daquele país. O drama foi produzido por Pedro Almodóvar, Agustín Almodóvar e, mesmo Jean-Paul Gaultier entra  na obra como figurinista. A fantástica edição e fotografia ficam, respectivamente,  a cargo de José Salcedo e José Luis Alcaine. Seria um pecado deixar de citar o maravilhoso e pertinente gosto musical  da  trilha sonora eleita por Alberto Iglesias que viaja, por exemplo, com versões em espanhol de clássicos como Moon River e Torna a Surriento. O filme começa com uma Madrid em plenos anos 1980, com um jovem lendo uma bizarra notícia no jornal. É Enrique Goded (Rafael "Fele" Martínez), um diretor de cinema que se encontra em crise criativa e recebe a visita de Ignacio Rodríguez (um dos papéis interpretados por Gael García Bernal), seu primeiro amor que, agora, busca espaço na sétima arte. Entre a curta conversa travada, Ángel Andrade (nome artístico da personagem Ignacio Rodríguez), deixa um manuscrito para ajudar o ex-amor nessa fase sem ideias. É a partir da leitura do relato cujo conteúdo expressa o primeiro amor experimentado entre os protagonistas num colégio católico conservador e as intervenções de um padre pedófilo que a história começa a encorpar-se. Como é característico nos filmes de Almodóvar, as cenas são fortes e contam com uma justaposição de cores, o que os críticos chamam de a "mítica trilogia de cores de Almodóvar": azul, amarelo mostarda e roxo. A trama se divide na leitura de "La visita" (o manucristo), e sua consequente gravação como filme  e o depoimento do Padre Manolo. Quiçá, a interpretação de Gael García Bernal, para os acostumados a vê-lo como o "Che Guevara" recatado de "Diarios de Motocicleta", será um "soco no estômago". Mas não há de se entender mal! Gael García está, sem maiores delongas, perfeito em todos os papéis por ele interpretados, no filme.


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B"H
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