B"H
Olá pessoas!
Tudo bem? Bem mesmo? Não está sentindo nada estranho não? Tipo uma dorzinha no fígado, uma ardência nas pernas, umas pontadas na cabeça? Sério! Nada! Que bom! Eu também estou bem. :)
Há pelo menos dois meses eu estou pensando muito sobre o tema "Morte". Talvez seja porque ela andou rondando minha casa (mês passado meu avô quase se foi) ou porque ela efetivamente levou um senhor muito querido avô de uma grande amiga. Enfim... eu tenho pensado muito no assunto. Acho que quando se vive com dois avós, um de 94 e outra de 84 anos, esse tipo de tema fique te assombrando. Eu não tenho medo da morte, já vou logo dizendo, tenho medo de morrer, e nisso há uma diferença crucial. Espero me fazer entender durante as linhas que se seguem.
Na verdade eu estava meio em dúvida se escrevia ou não esse texto mas ai entrei no Twitter e vi que o primeiro item nos TT'Br era Avada Kedavra e achei que isso era um sinal.
Sempre que eu ouvia falar de alguém que morreu em idade avançada eu pensava: mas essa pessoas tem que se sentir feliz porque teve tantos anos de vida. Será que ela não pode olhar para trás e ver que viveu tanto?
A resposta para essa minha certeza egoísta demorou para mudar mas finalmente mudou. Um grande NÃO me vem à mente agora sempre que essa pergunta teima em aparecer. Na verdade a explicação do porque agora eu penso diferente vai parecer muito idiota pra vocês até o dia que lhe ocorrer o mesmo pensamento. Eu estou às vésperas de completar 26 anos. Durante minha vida a expectativa que eu tinha era: Quando eu tiver completado 20 anos eu começo EFETIVAMENTE a viver. Isso significa que eu sempre olhei pra frente na minha time line e não prestei muita atenção ao momento. Quando eu fiz 20 anos nada de especial aconteceu. É sério que eu esperava algo surpreendente me arrebatar ou... sei lá... alguma coisa, alguma coisinha de especial, mas na verdade não aconteceu nada. Daí pra frente meus aniversários ganharam um sabor bem amargo. É de praxe que eu fique deprimido nos dias que o antecedem e no próprio. Esse ano de 2009 que passou há tão pouco tempo aconteceu de duas das minhas melhores amigas saírem pra beber em comemoração ao meu aniversário SEM MIM, porque eu não quis ir na última hora. Elas vieram me consolar em casa? Não! Saíram e ainda me ligaram pra dizer que minha "festa" estava mais divertida sem MIM. ¬¬ Isso me acontece de vez em quando. Vai saber.
O problema de todo esse raciocínio (eu NUNCA escrevo essa palavra da forma certa logo de primeira. ¬¬) é que agora eu penso: Meu D´s! Eu já vivi 26 anos, e esse é um número considerável e se eu morrer agora tô ferrado. Eu não quero morrer. Tenho pavor de morrer porque os 26 anos não me adiantam de NADA se eu morrer agora. Percebem? Não importa o quanto você tenha vivido, NUNCA será suficiente. Nunca. A vida não é retroativa. Não é uma questão de quantos anos lhe pesam na bagagem porque eles simplesmente NÃO PESAM! Você não sente que viveu tanto. Outro dia eu tinha 10 e agora tenho 26 e sei que amanhã terei 50 e depois de amanhã já terei 90 e adeus vida. O.O Isso é assustador! Pra mim pelo menos. Você deve estar meneando a cabeça e dizendo: Mas que dramático! Mas pense um pouco sobre como os anos tem passado tão rápido. Você já se deu conta de como você envelhece. Outro dia eu esperava que a faculdade fosse mudar a minha vida, revolucionar o meu estilo de vida e tal e coisa e agora EU ESTOU ME FORMANDO! E cadê? Mudou o quê? O.O
Tenho sido muito influenciado pelo último livro da série Harry Potter também no quesito morte. Faz anos que esse livro saiu e eu estou relendo pela sei lá qual vez e me assustando ainda mais com as implicações morais e psicológicas que ele nos trás. Há uma história no livro sobre os três irmãos Peverell (Antíoco, Cadmo e Ignoto) que encontram a Morte em uma viagem. Essa história é encontrada tanto em Harry Potter e as relíquias da morte quanto em Os Contos de Beedle, o Bardo. No livro 7 da série Harry Potter a personagem Hermione Grange lê a história dos irmãos no exemplar dos Os Contos de Beedle, o Bardo que recebe como herança de Dumbledore. Recentemente J.K. lançou o livreto completo, que é muito legal por sinal.
Pois bem, a história dos três irmãos nos mostra (eu não vou contar se era o que você esperava. Compre o livro) como é difícil enganar a morte ou vencê-la, e daí surge o adágio popular na história que é: "O último inimigo a se vencer é a morte". É engraçado como esse mesmo provérbio recebe duas interpretações na história, uma dos mocinhos e a outra dos vilões. Volto mais tarde nessa questão.
No judaísmo existe um anjo que recebe a alcunha (porque o nome dele não é esse) de Malach hamavet (leia-se esse ch como em alemão, apesar de não ser a pronúncia certa é o melhor que dá pra fazer aqui) que é algo como "Anjo da Morte" em hebraico. Esse anjo é um bocado perigoso inclusive porque ele tem uma espada com a qual ele mata as pessoas. Conta-nos o Talmud que ele é o anjo protetor do povo de Edom (que eu não vou dizer quem é para não ferir os sentimentos de ninguém) porque é dito que "por sua espada viverá Edom". Basta esta explicação. Conta-nos ainda o Talmud que Moshé (Moisés) discutiu à exaustão com esse anjo na hora de sua morte. Discutiu tanto que o anjo não o pode matar e o próprio D´s foi "obrigado" a "descer" e lhe dar o "beijo" da morte. Moshé teria vencido a Morte? Teoricamente não foi ela quem o levou, mas será que é isso o que se espera ao vencer a Morte?
Minha avó sempre diz (e olha que ela tem 84 anos) que não está pronta pra morrer porque não se sente velha. Já a mãe dela morreu dois meses antes de completar 105 anos dizendo que estava cansada de viver e que queria logo se encontrar com D´s. Veja que minha bisa viveu muito, e não estava decrépita ao morrer nem nada parecido. Acho que ela simplesmente estava em paz com o fato de ter vivido uma vida plena e bastante significativa e já não via muita coisa pra aprender vivendo aqui. Não tinha mais nada na vida que a surpreendesse o suficiente pra ela querer ficar viva. Acho que da mesma forma pensava o avô da minha colega. Ele estava tão tranqüilo quanto a vida que levou que não se preocupou com a morte. É claro que é comum que essas pessoas se preocupem com os ente queridos que vão deixar pra trás e em como eles vão lidar com tudo, como foi o caso desse senhor e do meu próprio bisavô, pai do pai do meu pai. Pra mim vencer a Morte é isso: viver de forma que a morte não seja o fim pra você mas o início da descoberta de coisas bem mais interessantes do que a vida aqui pode te dar. Moshé viveu assim, apesar de que muitos dirão que ele ainda queria viver muito pra ver a Terra de Israel (e eu acredito), mas duvido muito que, com a vida que ele levou, o momento de descobrir novas perspectivas não lhe tenha agradado.
Outra forma de entender aquele adágio que mencionei acima é o de que a morte deve ser vencida pela descoberta da vida eterna física e terrena. Essa é a maneira de pensar dos Comensais da Morte em Harry Potter. Isso é o oposto ABSOLUTO de tudo o que eu disse antes. É ser inconformado com a perspectiva de deixar a vida num extremo absurdo. Eu não sou assim. Meu medo de morrer é bem mais materialista. É claro que me dá medo de morrer sem constituir uma família, sem ver meus filhos crescerem, sem ver meus netos. Sem atingir um conhecimento mínimo da Torá (livro sagrado judaico), sem ver minha comunidade crescer e florescer. Mas me assusta também coisas como: não ver o último filme da série Harry Potter, não ver os robôs entrarem na nossa vida como em "Eu robô" por exemplo, não ver meu computador ser completamente virtual e eu só ter que agitar minha mão um pouco para controlá-lo, não ter um celular com a tecnologia de chamada holográfica, não ter um carro que ande sozinho, não chegar a ver minha casa tão inteligente que basta eu conversar com ela, não editar o meu livro (isso me deixa doido) ou não ver a adaptação para o cinema do meu livro (isso é péssimo também). Enfim, vocês entenderam, né? Eu não tenho medo da morte, mas tenho um cagaço de morrer agora porque eu não sinto como se tivesse feito nada ainda. Então eu vou chegar do outro lado e dizer o quê? Ah, eu fiz graduação em letras Português-Hebraico. ;) Não dá né? É claro que se tiver que ser, será. Eu não controlo nada, D´s é quem decide. Só espero que quando o momento chegar minha vida tenha valido a pena para mim e principalmente para os outros.
Espero não ter te assustado. =D
Boa vida!
Olá pessoas!
Tudo bem? Bem mesmo? Não está sentindo nada estranho não? Tipo uma dorzinha no fígado, uma ardência nas pernas, umas pontadas na cabeça? Sério! Nada! Que bom! Eu também estou bem. :)
Há pelo menos dois meses eu estou pensando muito sobre o tema "Morte". Talvez seja porque ela andou rondando minha casa (mês passado meu avô quase se foi) ou porque ela efetivamente levou um senhor muito querido avô de uma grande amiga. Enfim... eu tenho pensado muito no assunto. Acho que quando se vive com dois avós, um de 94 e outra de 84 anos, esse tipo de tema fique te assombrando. Eu não tenho medo da morte, já vou logo dizendo, tenho medo de morrer, e nisso há uma diferença crucial. Espero me fazer entender durante as linhas que se seguem.
Na verdade eu estava meio em dúvida se escrevia ou não esse texto mas ai entrei no Twitter e vi que o primeiro item nos TT'Br era Avada Kedavra e achei que isso era um sinal.
Sempre que eu ouvia falar de alguém que morreu em idade avançada eu pensava: mas essa pessoas tem que se sentir feliz porque teve tantos anos de vida. Será que ela não pode olhar para trás e ver que viveu tanto?
A resposta para essa minha certeza egoísta demorou para mudar mas finalmente mudou. Um grande NÃO me vem à mente agora sempre que essa pergunta teima em aparecer. Na verdade a explicação do porque agora eu penso diferente vai parecer muito idiota pra vocês até o dia que lhe ocorrer o mesmo pensamento. Eu estou às vésperas de completar 26 anos. Durante minha vida a expectativa que eu tinha era: Quando eu tiver completado 20 anos eu começo EFETIVAMENTE a viver. Isso significa que eu sempre olhei pra frente na minha time line e não prestei muita atenção ao momento. Quando eu fiz 20 anos nada de especial aconteceu. É sério que eu esperava algo surpreendente me arrebatar ou... sei lá... alguma coisa, alguma coisinha de especial, mas na verdade não aconteceu nada. Daí pra frente meus aniversários ganharam um sabor bem amargo. É de praxe que eu fique deprimido nos dias que o antecedem e no próprio. Esse ano de 2009 que passou há tão pouco tempo aconteceu de duas das minhas melhores amigas saírem pra beber em comemoração ao meu aniversário SEM MIM, porque eu não quis ir na última hora. Elas vieram me consolar em casa? Não! Saíram e ainda me ligaram pra dizer que minha "festa" estava mais divertida sem MIM. ¬¬ Isso me acontece de vez em quando. Vai saber.
O problema de todo esse raciocínio (eu NUNCA escrevo essa palavra da forma certa logo de primeira. ¬¬) é que agora eu penso: Meu D´s! Eu já vivi 26 anos, e esse é um número considerável e se eu morrer agora tô ferrado. Eu não quero morrer. Tenho pavor de morrer porque os 26 anos não me adiantam de NADA se eu morrer agora. Percebem? Não importa o quanto você tenha vivido, NUNCA será suficiente. Nunca. A vida não é retroativa. Não é uma questão de quantos anos lhe pesam na bagagem porque eles simplesmente NÃO PESAM! Você não sente que viveu tanto. Outro dia eu tinha 10 e agora tenho 26 e sei que amanhã terei 50 e depois de amanhã já terei 90 e adeus vida. O.O Isso é assustador! Pra mim pelo menos. Você deve estar meneando a cabeça e dizendo: Mas que dramático! Mas pense um pouco sobre como os anos tem passado tão rápido. Você já se deu conta de como você envelhece. Outro dia eu esperava que a faculdade fosse mudar a minha vida, revolucionar o meu estilo de vida e tal e coisa e agora EU ESTOU ME FORMANDO! E cadê? Mudou o quê? O.O
Tenho sido muito influenciado pelo último livro da série Harry Potter também no quesito morte. Faz anos que esse livro saiu e eu estou relendo pela sei lá qual vez e me assustando ainda mais com as implicações morais e psicológicas que ele nos trás. Há uma história no livro sobre os três irmãos Peverell (Antíoco, Cadmo e Ignoto) que encontram a Morte em uma viagem. Essa história é encontrada tanto em Harry Potter e as relíquias da morte quanto em Os Contos de Beedle, o Bardo. No livro 7 da série Harry Potter a personagem Hermione Grange lê a história dos irmãos no exemplar dos Os Contos de Beedle, o Bardo que recebe como herança de Dumbledore. Recentemente J.K. lançou o livreto completo, que é muito legal por sinal.
Pois bem, a história dos três irmãos nos mostra (eu não vou contar se era o que você esperava. Compre o livro) como é difícil enganar a morte ou vencê-la, e daí surge o adágio popular na história que é: "O último inimigo a se vencer é a morte". É engraçado como esse mesmo provérbio recebe duas interpretações na história, uma dos mocinhos e a outra dos vilões. Volto mais tarde nessa questão.
No judaísmo existe um anjo que recebe a alcunha (porque o nome dele não é esse) de Malach hamavet (leia-se esse ch como em alemão, apesar de não ser a pronúncia certa é o melhor que dá pra fazer aqui) que é algo como "Anjo da Morte" em hebraico. Esse anjo é um bocado perigoso inclusive porque ele tem uma espada com a qual ele mata as pessoas. Conta-nos o Talmud que ele é o anjo protetor do povo de Edom (que eu não vou dizer quem é para não ferir os sentimentos de ninguém) porque é dito que "por sua espada viverá Edom". Basta esta explicação. Conta-nos ainda o Talmud que Moshé (Moisés) discutiu à exaustão com esse anjo na hora de sua morte. Discutiu tanto que o anjo não o pode matar e o próprio D´s foi "obrigado" a "descer" e lhe dar o "beijo" da morte. Moshé teria vencido a Morte? Teoricamente não foi ela quem o levou, mas será que é isso o que se espera ao vencer a Morte?
Minha avó sempre diz (e olha que ela tem 84 anos) que não está pronta pra morrer porque não se sente velha. Já a mãe dela morreu dois meses antes de completar 105 anos dizendo que estava cansada de viver e que queria logo se encontrar com D´s. Veja que minha bisa viveu muito, e não estava decrépita ao morrer nem nada parecido. Acho que ela simplesmente estava em paz com o fato de ter vivido uma vida plena e bastante significativa e já não via muita coisa pra aprender vivendo aqui. Não tinha mais nada na vida que a surpreendesse o suficiente pra ela querer ficar viva. Acho que da mesma forma pensava o avô da minha colega. Ele estava tão tranqüilo quanto a vida que levou que não se preocupou com a morte. É claro que é comum que essas pessoas se preocupem com os ente queridos que vão deixar pra trás e em como eles vão lidar com tudo, como foi o caso desse senhor e do meu próprio bisavô, pai do pai do meu pai. Pra mim vencer a Morte é isso: viver de forma que a morte não seja o fim pra você mas o início da descoberta de coisas bem mais interessantes do que a vida aqui pode te dar. Moshé viveu assim, apesar de que muitos dirão que ele ainda queria viver muito pra ver a Terra de Israel (e eu acredito), mas duvido muito que, com a vida que ele levou, o momento de descobrir novas perspectivas não lhe tenha agradado.
Outra forma de entender aquele adágio que mencionei acima é o de que a morte deve ser vencida pela descoberta da vida eterna física e terrena. Essa é a maneira de pensar dos Comensais da Morte em Harry Potter. Isso é o oposto ABSOLUTO de tudo o que eu disse antes. É ser inconformado com a perspectiva de deixar a vida num extremo absurdo. Eu não sou assim. Meu medo de morrer é bem mais materialista. É claro que me dá medo de morrer sem constituir uma família, sem ver meus filhos crescerem, sem ver meus netos. Sem atingir um conhecimento mínimo da Torá (livro sagrado judaico), sem ver minha comunidade crescer e florescer. Mas me assusta também coisas como: não ver o último filme da série Harry Potter, não ver os robôs entrarem na nossa vida como em "Eu robô" por exemplo, não ver meu computador ser completamente virtual e eu só ter que agitar minha mão um pouco para controlá-lo, não ter um celular com a tecnologia de chamada holográfica, não ter um carro que ande sozinho, não chegar a ver minha casa tão inteligente que basta eu conversar com ela, não editar o meu livro (isso me deixa doido) ou não ver a adaptação para o cinema do meu livro (isso é péssimo também). Enfim, vocês entenderam, né? Eu não tenho medo da morte, mas tenho um cagaço de morrer agora porque eu não sinto como se tivesse feito nada ainda. Então eu vou chegar do outro lado e dizer o quê? Ah, eu fiz graduação em letras Português-Hebraico. ;) Não dá né? É claro que se tiver que ser, será. Eu não controlo nada, D´s é quem decide. Só espero que quando o momento chegar minha vida tenha valido a pena para mim e principalmente para os outros.
Espero não ter te assustado. =D
Boa vida!
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B"H
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