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Um rápido olhar em "Sangue e Ouro"

B"H


Olá pessoas!
Estamos de volta com mais um livro da saga "Crônicas Vampirescas" da nossa amada Anne Rice. A bola da vez é o oitavo da série, o luxuriante Sangue e Ouro.
A história começa nas terras geladas do norte da Europa, quando um vampiro muito antigo, um verdadeiro Filho dos Milênios, acorda. Seu nome é Thorne, em homenagem ao deus que venerou quando estava vivo, Thor. Thorne acorda num mundo muito diferente e assustador, que em nada se parece com o mundo que ele conhecia quando se retirou para seu sono milenar. Não é de se estranhar que ele tenha medo, durante esse tempo todo as noticias do mundo humano e vampírico chegaram-lhe através do Dom da Mente, como chegariam para qualquer outro vampiro. Coisas muito curiosas como o cinema e as máquinas, e aterradoras como o surgimento moderno da Rainha dos Condenados e a guerra sangrenta que ela travou contra vampiros e humanos. E é neste episódio terrível que Thorne revê sua criadora por quem nutre amor e ódio incondicionais, a belíssima vampira ruiva dos olhos de sangue, Maharet. Depois Thorne vê a confusão em que Lestat se mete ao aceitar uma viagem guiada pelo Céu e pelo Inferno, por ninguém menos que Memnoch, o Demônio em pessoa, ou não. E por tudo isso, aos poucos, Thorne percebe que já não está mais dormindo, e resolve seguir pelo mundo a procura de sua criadora, no intuito de se vingar dela. É ai que ele começa a ouvir um chamado insistente de um vampiro poderosíssimo e resolve atendê-lo, conhecendo então nosso amado Marius. Marius apresenta sua nova casa onde mora com Daniel, o jovem repórter que escreveu Entrevista com o Vampiro e que se tornou amante de Armand, sendo transformado por este em uma criatura da noite. Marius e Thorne logo se sentem amigos e confidentes e Marius pede autorização para narrar sua longa história. Por tanto este é um livro sobre Marius, e preenche as lacunas deixadas pelos outros sete, mas desta vez é o próprio Marius quem está narrando, e por isso podemos conhecê-lo por dentro, sem a mascara de sabedoria e gentileza que ele construiu para si ao longo do tempo. Vemos um Marius machucado e dolorido pelas perdas que sofreu e que infligiu, completamente cônscio de seus erros e acertos e ávido por companhia e por alguém que o escute. Este livro pode começar com Thorne, mas é Marius sua personagem principal, é ele quem toma toda a atenção e para quem a narrativa se volta do começo ao fim.

O que eu posso dizer do livro se não que ele é maravilhoso? Não há como falar dele sem notar como se encaixa perfeitamente na narrativa de Pandora, sendo óbvio o único outro que é narrado por um romano, um ser prático e apaixonado, sem muito espaço para filosofias fúteis. Nunca imaginei que Anne fosse explicar as lacunas que deixou nos outros livros, mas é exatamente isso que ela faz, mostrando definitivamente que tem total domínio sobre a história que criou.
Vários outros vampiros inéditos aparecem neste livro. Todos muito bem construídos, de forma que sentimos muita tristeza por sabermos que suas histórias não serão mais narradas, já que Anne não vai mais continuar as Crônicas.
Não posso falar muito sobre esse livro porque inevitavelmente contaria spoilers muito importantes, mas devo acrescentar que, sendo Marius um dos vampiros mais antigos do mundo, sua história é em certa medida a história da própria raça e seu desenvolvimento. Isso significa que você verá uma narrativa detalhada da natureza vampírica e sentirá as dores e alegrias que ser vampiro significa.
Um livro sensacional!


"Não sei. Só sei que uma dor e raiva terrível nos separa agora exatamente como nos separou tantos anos atrás. Não posso admitir até que ponto eu a prejudiquei. Não posso admitir o quanto menti sobre meu amor por ela, bem como sobre minha necessidade dela. E essa necessidade, talvez seja essa necessidade o motivo para eu me manter a certa distância, onde me sinto seguro, protegido do escrutínio dos seus olhos castanhos doces e sábios." (Marius)

"Mas vivi a mentira. E a vivi em razão da raiva. É isso o que estou tentando lhe dizer. Vivi mentiras. Fiz isso repetidamente. Vivo mentiras porque não consigo suportar a fraqueza da raiva, e não consigo admitir a irracionalidade do amor." (Marius)

"Nós somos monstros, era o que eu pensava sempre que pintava ou contemplava minha própria pintura, e é o que penso agora. Não importa o fato de eu querer continuar a existir. Nós não somos naturais. Somos testemunhas providas tanto de excesso quanto de falta de sentimento. E enquanto pensava nisso tudo, tinha diante de mim as testemunhas mudas, Akasha e Enkil." (Marius)

"Tudo é mistério, Mael — respondi. — Mas boas roupas eu sempre tenho. Se o mundo acabar, estarei bem vestido para a ocasião, seja à luz do dia, seja na escuridão da noite." (Marius)

"E então fui descansar, sem jamais imaginar que essa era a última noite da nossa vida juntos, a última noite do meu poder supremo, a última noite de Marius de Romanus, cidadão de Veneza, pintor e mago, a última noite da minha Época Perfeita." (Marius)

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