Pular para o conteúdo principal

Um rápido olhar em "Pandora"

B"H

Olá pessoas!
Voltei para contar um pouco sobre outro livro de Anne Rice: Pandora. Ele faz parte das "Novas Crônicas Vampirescas", uma série de dois livros paralela a história das "Cronicas Vampirescas". As personagens são as mesmas que nós já conhecemos desde O Vampiro Lestat, Pandora, Marius e David Talbot. É interessante como esse é um livro pequeno, cerca de 200 páginas. Algo como um alívio para quem acaba de ler Memnoch. É uma história interessante e profunda, muito condensada, sem tempo para muitos floreios. Se passa na Roma antiga mas continua com uma leitura bastante gótica da situação que envolve as personagens, sua compleição física, mental e emocional. Os aspectos religiosos que envolvem nossos heróis ganham novas leituras. É como um grande quebra-cabeça que vai mostrando suas cores e formas a medida em que as peças se encaixam. Anne gosta de mostrar aos seus leitores que eles ainda são bastante alheios aos fatos reais que dão corpo às suas histórias fantásticas. É como uma brincadeira: "Ah... você acha que entendeu? Não entendeu não seu tolinho. *Risada diabólica da Anne" rsrsrs

David Talbot, logo após os acontecimentos narrados em Memnoch decide procurar os Filhos dos Milênios para lhes interrogar sobre sua vida (na verdade perguntar se ele será poupado e se poderá continuar vivendo) e para pedir especificamente a Pandora que lhe narre por escrito sua história. David está vívidamente interessado em descobrir o máximo que puder sobre a História dos vampiros. Os dois, David e Pandora, se encontram em um café parisiense, o mesmo que Pandora gosta de freqüentar para observar os humanos. Num primeiro momento ela reluta em aceitar narrar suas crônicas, mas por fim sede ao desejo incontrolável que David faz surgir nela.
Sua história é dolorosa. Narra como nasceu na Roma do imperador Augusto Cesar, no ano 15 d.e.c. de uma família realmente rica. Era a última filha de um senador muito importante e honrado, a única filha mulher que sua única esposa lhe deu, falecendo alguns anos depois. Narra como cresceu como uma romana típica da alta sociedade, indo aos festejos sociais e assistindo sem medo algum as exibições terríveis de gladiadores e leões comendo seres humanos, tudo como seria de se esperar de uma verdadeira mulher romana mesmo que aos cinco anos de idade. Foi nesta época, aos 10 anos, que ela conhece Marius, ainda humano e de uma beleza estonteante. Marius parece se interessar pela menina mas acaba se afastando da família. Pandora, que na verdade se chamava Lydia, se casa duas vezes e entra para o culto de Ísis para afrontar seus maridos. Seu segundo casamento termina sem um filho e Lydia volta para a casa do pai e cuida dele até sua velhice, deixando de lado o culto que passa a ser perseguido em Roma. Depois de vários anos sua família é acusada injustamente de traição e conspiração e é quase completamente chacinada. Antes de se matar, seu pai arruma as pressas com um amigo mercador judeu um plano para a fuga de Lydia e envia-a a Antioquia. Ela não tem escolha e foge com o homem e seu filho. Instalada em Antioquia como uma rica viúva grega agora de nome Pandora ela procura novamente o culto a Ísis e começa a ter sonhos que indicam que em outras vida ela foi uma vampira. Os sonhos começam a perturbá-la quase à loucura, e uma voz de mulher diz que ela foi escolhida para alguma coisa. É então que as coisas se desenrolam rapidamente até que ela recebe o sangue que fará dela uma das mais poderosas e intrigantes vampiras do mundo e finalmente uma Filha dos Milênios.

Como já disse é uma leitura gótica apesar de tudo. É bastante simples em sua vários aspectos mas muito perturbador em outros. Vale muito a pena ler, reforça de maneira singular a experiência vampírica de forma a deixar mais perguntas do que respostas sobre tudo que envolve sua existência. Recomendo a leitura!


"Mas senti a alma dessa vítima como cinzas, como se seu espírito tivesse sido cremado e só sobrasse o corpo, uma casca desgastada, castigada por doenças. Abracei-a, e quando vi o medo em seus olhinhos negros, quando vi a pergunta surgindo, envolvi-a com imagens. A fuligem que cobria minha pele não foi suficiente para impedir que eu parecesse a Virgem Maria, e ela murmurou hinos e preces, até viu meus véus nas cores que ela conhecera em criança nas igrejas, enquanto se entregava a mim, e eu — sabendo que não estava precisando beber, mas sequiosa por ela, sequiosa pela angústia que ela podia exalar em seu momento final, sequiosa pelo saboroso sangue vermelho que me encheria a boca e faria com que eu me sentisse humana por um instante em minha monstruosidade — entreguei-me às suas visões, inclinei seu pescoço, afaguei sua pele suave e magoada, e foi então, quando cravei meus dentes nela, quando bebi de seu sangue — foi então que soube que você estava ali. Você observava." (Pandora)

"...os maus são, na maioria, simplesmente uns imbecis. Vi isso a vida inteira. É raro encontrar uma pessoa verdadeiramente má e esperta. É a incompetência que causa a maior parte da desgraça do mundo, burrice e incompetência absolutas. É subestimar o semelhante! Veja o que acontece com Tibério. Tibério César e a guarda. Veja o que acontece com aquele maldito Sejanus..." (Pandora)


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Adeus ao Professor Mario Martelotta

B"H Faleceu na noite de ontem um dos mais importantes linguístas do Brasil, o Prof ° Dr° Mario Eduardo Toscano Martelotta. Termina então a luta ferrenha que o professor vinha travando contra um linfoma já há alguns meses. Martelotta não foi apenas um professor de linguística brilhante, pesquisador exemplar e amigo querido, foi o responsável por dezenas, se não centenas, de jovem graduandos que se apaixonaram por linguística, dentre os quais se inclui este que vos fala. Martellota vai deixar uma lacuna dolorosa no corpo docente da Faculdade de Letras da UFRJ, seu habitat natural e onde montou sua história acadêmica. Deixa atrás de si um sem número de publicações importantíssimas na área da linguística, amigos devotados, alunos apaixonados e familiares queridos. Sem medo de cair no clichê, Martelotta entra agora para o hall dos imortalizados por seu trabalho, dedicação e amor, características com as quais sempre tratou sua profissão. A Equipe Mapittom entristece-se e solidaris

Eu odeio o Superman

B"H  Olá galera viciada em quadrinhos (digo isso porque nem todo nerd é)! Resolvi escrever esse manifesto anti-Superman por algum motivo que não me lembro... Em fim... EU ODEIO O SUPERMAN!!! Vários são os motivos pra isso mas acho que não é tolice dizer que ele me lembra os bullies do colégio. Ele se sente o bom, o gostoso, o inteligente, o sábio, etc... Ele não é nada além de alguns quilos de carne criptoniana. Ele não seria nada sem o nosso Sol amarelo e quentinho (eufemismo é ótimo) pra lhe dar alguns poderes. Além disso ele se acha melhor do que todo mundo. Inclusive eu o culpo por Lex Lutor ser um psicopata/sociopata. Ele é um imbecil que olha todo mundo de cima (literalmente, porque tem essa mania besta de ficar voando por ai). Eu prefiro muito mais o Batman. Claro! Ele sabe que é doido, (e ele é mesmo) e não se sente culpado nunca. Ele é sociopata mas sente orgulho disso. Não tem nenhum dom especial além de ser um nerd completo e absoluto que quer que o mundo se ex

Um rápido olhar em "Entrevista com o Vampiro"

B"H Olá galera fiel que curte o Mapittom!!! Estive por um tempo pensando o que deveria escrever para esse post que é o centésimo do blog (incluindo as páginas). Realmente não conseguia pensar em nada e não escrevi nada até agora. Estes três últimos dias me iluminaram para um assunto que poderia fazer jus a esse número. Vampiros!!! Na verdade este é um assunto que fascina tanto a mim quanto a Mikhaella, mas quase não foi abordado ainda. O que farei aqui é uma resenha unindo livro e filme. Na verdade é bastante difícil descrever este texto porque não é nem uma resenha tradicional nem um ensaio. Vejamos o que sai! Minha vontade de escrever sobre Entrevista com o Vampiro  surgiu há três dias quando comecei a lê-lo. Eu sempre conheci a história das Crônicas Vampirescas de Anne Rice e já tinha visto o filme algumas vezes. Confesso que apesar de as histórias de vampiros normalmente me fascinarem eu nunca tinha tido muito entusiasmo para ler a série. Protelei algum tempo até que