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Volver, de Pedro Almodóvar

Dando continuidade aos nossos esforços de fazer resenhas sobre os filmes do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, chegou a hora de falar de Volver. O filme tem duração de 121 min. e foi lançado no ano de 2006. Aqui, a distribuição da película foi feita pela Fox Film do Brasil. A fotografia, mais uma vez, é do talentosíssimo José Luis Alcaine. Com um roteiro e direção engajados com o cinema-arte, Almodóvar consegue deixar em cada filme aqueles trejeitos que nos fariam identificar o autor sem prévio aviso. Como dizem alguns resenhistas, em Volver, todos os bordões de Almodóvar estão presentes: o filosófico momento de sentar no vaso sanitário; a parte musical do filme (sempre de muito bom gosto, cujos méritos pertencem a Alberto Iglesias) e, claro, as misérias humanas (com destaque para os traumas originados por estupros). A tragicômica vida de Raimunda (Penélope Cruz), personagem principal, é quase toda dedicada ao trabalho, a fim de sustentar a si, à sua filha Paula (Yohana Cobo) e ao seu preguiçoso marido Paco (Antonio de la Torre). Raimunda perdeu seus pais em um incêndio e divide suas angústias com sua irmã Sole (Lola Dueñas), uma cabeleireira abandonada pelo marido. As irmãs reencontram-se numa situação bastante delicada: sua tia, também chamada Paula (Chus Lampreave), está muito doente e afirma que é Irene (Carmen Maura), a mãe de Sole e Raimunda, que está a cuidar dela. Corroborando a sandice da tia senil, corre pelo povoado o boato de que o espírito de Irene vaga pela região. Quem assiste a Volver depara-se com as extravagâncias de um homem morto, armazenado em um freezer; um fantasma de carne e osso e gerações da mesma família que, de alguma forma, necessitam do perdão uma das outras. A primorosa escolha das atrizes é um presente de Almodóvar pelo seu triunfante retorno ao cinema. Uma das coisas mais interessantes é que a história de Volver é justamente aquela que consta do livro escrito pela personagem Leocadia, protagonista de La Flor de mi Secreto, outro filme de Almodóvar. Volver é certamente um pequeno grande mimo que Almodóvar deu a si mesmo e a nós, amantes do cinema-arte.


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