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O Labirinto do Fauno

B"H

Olá pessoas!
A resenha de hoje vai ser sobre o filme "O Labirinto do Fauno" (El Laberinto del Fauno/Pan’s Labirinth) do cineasta Guillermo del Toro. Confesso que protelei o quanto pude para ver esse filme e jamais o teria visto se no fundo não fosse a curiosidade minha maior força motriz. (Eu sei que é um filme velho de 2006, mas ainda não tinha visto. ¬_¬) Protelei porque os posters me deram medo, porque o trailer me deu medo e porque era um filme espanhol. Sim, me apedrejem! Eu não sou o maior entusiasta do cinema espanhol. #prontofalei Tirando o "Abra bem os olhos" os outros filmes espanhóis que me atrevi a ver me decepcionaram. Enfim...

A história fala sobre uma menina chamada Ofélia que perdeu o pai, um alfaiate, na guerra civil espanhola. Para sobreviver, sua mãe se casa com um capitão fascista. A mulher engravida do capitão que manda trazê-la quando o nascimento está próximo. Ele está no interior do país combatendo rebeldes comunistas nas montanhas e como base usa uma velha casa de moinho no meio da floresta. Ofélia se sente isolada no mundo cruel que seu padrasto governa com mãos de ferro e como companhia ela tem seus livros de contos-de-fada e a imaginação. A situação se agrava porque sua mãe acaba ficando seriamente doente devido a viagem que o marido a obrigou. No terreno da casa do moinho há um labirinto de pedra muito velho que logo chama a atenção de Ofélia. Numa noite uma fada leva a menina ao labirinto e lá ela encontra um fauno muito velho que lhe conta ser ela a princesa perdida do mundo subterrâneo. Mas, para voltar ao seu mundo, Ofélia necessita cumprir três tarefas antes da lua cheia, do contrário ficará presa para sempre em meio aos humanos, esquecerá quem realmente é e morrerá. Para ajudá-la a cumprir as tarefas o fauno lhe entrega um livro mágico que tem o poder de mostrar o futuro e as próprias tarefas.
O filme se desenvolve mostrando a realidade da guerra, a personalidade das personagens e a aventura de Ofélia.

Apesar de não ter gostado do filme no começo, o resto me conquistou definitivamente. A trama foi absolutamente bem costurada, sem lacunas ou pontos cegos. Cada evento se liga ao posterior e ao precedente de uma forma mágica criando um próprio conto-de-fadas a moda antiga. (Pra quem não sabe os contos-de-fadas originalmente eram histórias medonhas de dor e sofrimento onde a bondade e a coragem nem sempre eram bem recompensadas. Normalmente essas histórias tinham uma moral sombria que tendia a afastar o ouvinte de alguma coisa, lugar ou atitude. As próprias fadas eram criaturas más e cruéis que perseguiam o homem descuidado que entrasse em seus domínios.) A história está cheia de antigos conhecimentos celtas e gregos/romanos muito bem inseridos no contexto da guerra. As atuações foram excelentes, não posso apontar um defeito sequer. Muito menos pode-se falar mal dos efeitos especiais e maquilagem que estão de dar medo.
Guillermo del Toro
Resumindo: é um filme extraordinário, cheio de história (o que é raro hoje em dia) e com um toque de surrealismo espanhol incrível. Cabe aqui destacar a audácia de del Toro que assumiu o risco de fazer um filme com elementos infantis (que tornam a trama tão mais terrível) quando na verdade ele NÃO É INFANTIL. NÃO DEIXE SEUS FILHOS VEREM!
Eu super recomendo esse filme!

*Procurando uma figura do filme achei essa pequena resenha que me chamou muito atenção por falar de uma coisa que me marcou bastante enquanto estava vendo o filme. O site é o Armazém de Luzes e eu peço que vocês entrem lá para conferir na fonte o que reproduzo abaixo.


"É pra quem tem nervos de aço… quer dizer… não é qualquer um, em qualquer momento da vida que pode assistir um filme assim, que fala que todo Ser Humano tem que, antes de mais nada, perder o medo de morrer. O pessoal que fez o flime está coberto de méritos, mas destaco uma parte, um momento que resume praticamente toda a película. A mãe de Ofélia, grávida, sente o filho mexer na barriga, ela então pede à filha que conte uma história para o bebê. Ofélia, grande leitora que é de contos de fadas, diz assim:
'Meu irmão… há muitos e muitos anos, em um país longínquo e triste, havia uma montanha enorme de pedras negras e ásperas. Ao cair da tarde, em cima dessa montanha, florescia uma rosa que conferia imortalidade. Mas ninguém ousava se aproximar dela, pois seus muitos espinhos eram venenosos. Entre os homens, falava-se mais sobre o medo da morte e da dor… e nunca sobre a promessa de imortalidade; e todas as noites a rosa murchava, incapaz de conceder sua dádiva a ninguém, esquecida e perdida no topo da montanha fria e escura… sozinha até o fim dos tempos.'
Uma lição assim se vê poucas vezes nesse cinema comercial… ou melhor, até se vê, mas não de forma tão direta. O filme é violento, cruel, e por isso mesmo verdadeiro e sua mensagem é de uma esperança baseada numa possibilidade tão remota quanto atraente. No final fica aquele ressaibo, aquele azinhavre na alma, aquela sensação de que a gente não faz nada, de que a gente é nada e que tudo pode ser bem mais simples… Mais uma vez vem alguém dizer que a vida pode ser boa, mas não é, de que tudo está diante dos nossos olhos, mas fazemos de tudo para não enxergar, de que todas as soluções são simples, mas sem complicação (burrice mesmo) não podemos exercer nossa humanidade superficial – aquela que interessa aos capitães da vida.
Faço apenas uma pergunta: A metáfora da rosa é simples, mas quem se emociona com algo assim, atualmente?"

Comentários

  1. Eu não fiz as interpretações que a maioria dos resumos deste livro faz propositadamente por achar que há muitas formas de interpretação desta história.

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  2. Muito massa este filme, vi un dia desses no HBO

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B"H
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