Olá pessoal! Cá estou eu novamente pra falar de mais uma obra literária.
O livro em questão hoje é um dos quais, sem sombra de dúvida, você também já deve ter ouvido falar. Confesso que já estava um pouco aterrorizada com a história quando a peguei para ler (credito todo esse mérito ao Ariel!), o que de certa forma ajudou um pouco com o choque que você leva ao ver o “quão leve é esse livro” para uma história de “amor”. É uma obra que mexe de tal forma com seus leitores que seria praticamente criminoso adjetivá-la de outra forma que não fosse: Impressionante. É “O Morro dos Ventos Uivantes”, único romance da escritora Emily Brontë. Infelizmente ele (e ela) foi mal interpretado na época (porque é óbvio, parece que é impossível dar o devido crédito à pessoa enquanto está viva!) mesmo sendo publicado no ano de 1847, com o pseudônimo de Ellis Bell.
“O Morro dos Ventos Uivantes” é sem sombra de dúvida um clássico da literatura inglesa e um ícone dos romances góticos, tendo resultado já em inúmeras adaptações para o cinema, novela, ópera e inclusive numa música, “Wuthering Heights” (nome original da obra), escrita e interpretada por Kate Bush.
A história começa basicamente quando o sr. Lockwood, que aluga a propriedade Thrushcross Grange, em Gimmerton, Yorkshire, Inglaterra, resolve fazer uma visita social ao seu senhorio e também vizinho, Sr. Heathcliff, personagem de maior destaque na história. Ao chegar lá, fica de tal modo impressionado com as condições, maneiras e relacionamento dos habitantes daquela propriedade (Morro dos Ventos Uivantes), que pede a Ellen, sua governanta e principal testemunha dos acontecimentos, que lhe conte suas histórias, principalmente a de Heathcliff. E é aí que de fato a trama é exposta. Usando como recurso a técnica do flashback, ela conta a história retornando a partir da infância de Heathcliff, narrando acontecimentos que vão desde a sua chegada na família Earnshaw, família que o “adota”, sua evolução junto aos outros personagens e culminando no trágico final.
Muito bem, agora que chegou a hora de dizer como foi o meu contato com essa obra, o que farei é justamente reafirmar o já que foi dito anteriormente: É uma obra definitivamente impressionante. Agora, de todas as palavras que eu poderia escolher para caracterizá-la, você muito provavelmente deve estar se perguntando porque eu resolvi usar esta palavra tão genérica já que a intenção é dar corpo a ela, será que não deveria ser algo mais substancial? Não! E foi justamente essa característica genérica que me levou a escolher esse termo (estranho não?). Acontece, que é exatamente essa a maneira como você se sente diante desta leitura, que é em suma comovente. Um livro sobre o qual ouso dizer que é praticamente impossível ler e permanecer impassível. Um livro que narra personagens perturbadoramente reais, os quais você ora ama, ora despreza, ora tem empatia e ora odeia. Tudo isso colocando num mesmo plano fatores como: egoísmo, amor, ódio, vingança, vida e morte com uma intensidade tão grande que chega até ser asfixiante. É uma obra ligada basicamente pela tragédia e com doses cavalares de ironia, se me permite dizer, onde um “amor” que chega de certa forma a vencer as barreiras da morte não consegue vencer fatores como egoísmo e status social. Porém, o que, de tudo exposto aqui, a meu ver é o que fica mais evidente, principalmente quando eu penso na história como um todo, é que o destino daquelas personagens, por mais trágico que tenha sido, foi definido por elas mesmas. De todos os problemas o real obstáculo que existiu para que suas vidas fossem plenas foram elas mesmas, mostrando quão enorme é a capacidade que as pessoas tem de destruir a sua própria felicidade, maculando inclusive um sentimento que em tese só faria bem. É uma obra para, sem dúvida alguma, colocar em xeque fatores como certo e errado. Uma leitura recomendadíssima, principalmente se você ama personagens densos assim como eu.
Encerrarei agora com trechos de enorme “ternura” de Heathcliff e Catherine que, acredito, demonstram bem o tamanho da intensidade dos seus sentimentos um pelo outro e a ironia de que falei.
“Catherine Earnshaw, enquanto eu viver não descansarás em paz! Disseste que te matei. Pois então assombra-me a existência! Os assassinados costumam a assombrar a vida dos seus assassinos, e eu tenho a certeza de que os espíritos andam pela terra. Toma a forma que quiseres, mas vem para junto de mim e enlouquece-me! Não me deixes só neste abismo onde não te encontro! Oh! Meu Deus! É indescritível a dor que sinto! Como posso eu viver sem a minha vida?! Como posso viver sem a minha alma?!” (Heathcliff)
“Gostaria de retê-lo – prosseguiu ela, com amargura -, até que nós dois morrêssemos! Que me importa o que você sofreria? Não dou importância aos seus sofrimentos. E por que não sofreria? Eu sofro!” (Catherine Earnshaw)
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