Olá! Alguma vez você já tentou explicar algo do seu dia-a-dia ou uma idéia para alguém e ai você simplesmente trava? Não é engraçado como algumas vezes você sabe exatamente o que te motiva a uma determinada coisa, mas quando você tenta explicar isso para outro, parece que nada sai? Pois é assim que me sinto neste momento. Claro que vale apena ressaltar que o tema que pretendo abordar não é o que eu chamaria de fácil, principalmente porque faz parte da minha personalidade tentar não dizer o que uma pessoa deve ou não fazer. Já lhes adianto que é bem possível que eu dê uma volta ao mundo para explicar coisas pequenas (eu sei o que você provavelmente está pensando: Como rodear mais nos assuntos do que ela já fez até agora? Mas acredite! Se eu possuísse algum super-poder, provavelmente estaria incluído a minha incapacidade de resumir qualquer coisa). Portanto fikdik: De tudo o que eu já escrevi até aqui este é o texto onde você vai achar menos lógica. :D Lá vamos nós então!
O tema central, como provavelmente já deve ter sido observado, é “Filme x Livro”. Qual a vantagem de você ler um livro se você já viu um filme baseado em sua história. Para que possa explicar melhor os motivos para o partido que tomo, usarei três sagas bastante conhecidas e que certamente você sabe que são adaptações de livros (Digo isso pois há uma infinidade de filmes que são e que infelizmente a maioria nem chega a saber): “O Senhor dos Anéis”, “Harry Potter” e “Crepúsculo”.
Quando vi a adaptação da saga “O Senhor dos Anéis”, fiquei estarrecida. Achei o filme maravilhoso e me encantei com a história, efeitos e trilha sonora (embora tenha achado que faltou um pouquinho de coesão em alguns aspectos). Como toda a pessoa bestificada fui para a internet e entrei na maior quantidade de sites e fóruns que consegui encontrar, e qual foi a minha surpresa? Havia uma chuva de críticas e palavras cheias de frustração. Não precisa nem dizer que não entendi xongas do que estava acontecendo. O filme era muito bom e com todos os ingredientes para fascinar qualquer um. Não quis me apegar muito no mérito da questão uma vez que ainda não tinha lido o livro e decidi apenas deixar para lá. Comprei a trilogia dos filmes quando saiu (u realmente gostei muito do filme XD), e resolvi que assim que surgisse uma oportunidade compraria os livros. Comprei, li e foi aí que veio o choque: A HISTÓRIA MUDA MUITO! Personagens com aspectos completamente diferente e não me refiro só a características físicas, alteraram as suas personalidades também (o que na minha opinião é uma das piores coisas que podem fazer em uma adaptação). Retiraram certos defeitos de algumas personagens como é o caso da personagem do Légolas. Quem leu o livro pode observar que ele era bem diferente no começo do apresentado no filme. Claro há pessoas que poderão falar que o problema com relação a isso, é o fato de que esta personagem específica muda no decorrer da viagem e portanto demandaria muito tempo explicar toda essa mudança (Tenha dó, diriam, o filme já durou 3:30h, como se preocupar ainda com isso?). Só que o problema, é que o comportamento “errático”, que essa personagem demonstra no inicio da saga não é mostrado nenhuma vez, atribuindo assim somente a Gimli (o anão) seus respectivos defeitos e o “culpando” pela rixa existente entre eles. Outra questão importante a ser considerada também é o fato por exemplo de que cada membro da sociedade do anel possui um papel importante para a representação de sua classe dentro da sociedade (hobbits, elfos, anões, magos e homens). Esse livro em essência é praticamente maniqueísta (observem a palavra praticamente); o orgulho do Légolas não é dele somente, mas dos elfos, dos aliados na luta contra Sauron. Cada qualidade, positiva e negativa, nos mostram a ambiguidade existente em cada classe, um fator que é abordado apenas sob essa perspectiva. Ou seja, retirando isso, se retira toda essa pálida visão (digo pálida, pois Tolkien usa de uma sutiliza descomunal nisso) de ambiguidade em um livro do qual é tão fácil olhar apenas por um ponto de vista literal. Faramir, o irmão sábio de Boromir, que prefere agir com a sensatez do que pela espada, embora seja um soldado corajoso quando preciso, é transformado num arrogante que trata mal Frodo e Sam, querendo somente pegar o “Um Anel” para levá-lo a Gondor onde supostamente iriam usá-lo contra Sauron. E por assim se segue uma infinidade de coisas que mudam muito, itens inclusive mais sérios do que esses que citei no momento. Para ser honesta conseguiria passar horas aqui narrando cada erro que encontrei, suas diferenças e dizer o porque acho esse ou aquele erro terrível, mas não farei isso. O que eu posso mesmo dizer a respeito dessa adaptação na minha opinião é o seguinte: Se você realmente se amarrou na história toda, ou seja, todo o universo criado por Tolkien, sem sombra de dúvida te recomendo que leia o livro, pois as alterações são realmente significativas.
Os filmes da saga “Harry Potter” foram outros dos quais o meu primeiro contato foi com os filmes, o primeiro e o segundo para ser mais precisa, em seguida passando para os livros. Como é de conhecimento geral o primeiro e o segundo filme foram os mais próximos do livro, sendo o terceiro e o quinto os mais distantes. Confesso que de muitas das adaptações que acompanhamos, as do Harry Potter não são as piores do mundo (NÃO É UM ELOGIO), pelo menos em termos de compreender a história em si. Porém, diferente de “O Senhor dos Anéis” a saga “Harry Potter” é quase totalmente coberta de filosofia, o que gera na verdade um outro tipo de dificuldade, como passar toda essa filosofia contida em Harry Potter? Numa tentativa de simplificar um pouco a explicação me aterei aos personagens centrais: Harry Potter e Lord Voldemort. Quem teve a oportunidade de ler os livros pode observar o quanto essas duas personagens são parecidas em termos de personalidade, raiva, tristeza e tragédia. Componentes constantes, quando analisamos friamente essas duas histórias. Órfãos, em “lares” onde não eram amados, cada um desenvolveu a uma maneira de lidar com seus problemas. Um rapidamente consegue superar as possíveis dificuldades que o anonimato e nascer em uma família meio-sangue pode causar, tornando-se logo popular entre quase todos da escola. Em contrapartida o outro passa por enormes problemas de adaptação devido ao fato de ter se tornado uma “celebridade” antes mesmo que aprendesse a falar, transformando-o praticamente em um solitário, uma vez que parece ter um dom para se meter em problemas (ironicamente a autora os torna iguais e opositores respectivamente, brincando com os conceitos de “vantagem” e “desvantagem”). Em suma, é um livro pra lá de fascinante. Absolutamente elaborado para surpreender e confundir o leitor a cada página virada, fazendo com que a cada minuto ele chegue a uma brilhante conclusão que será descartada no segundo seguinte. Minha dica é essa: independente de o filme ter te impelido ou não à leitura leia o livro, pois um universo de idéias das quais você nem fazia idéia estarão à sua frente.
E agora, vamos à adaptação do livro que será de suma importância para que entendam de fato a minha idéia quanto a “Filme x Livro”, que é a da saga Crepúsculo. Imagino que quase todos hoje em dia conheçam pelo menos o básico dessa história, já que virou uma verdadeira febre em todo mundo. Vou pelo começo mesmo. Tudo bem! Confesso que assim como os demais livros que relatei acima esse foi outro que vi o filme e depois resolvi ler o livro. Vi o poster no cinema e como era uma história de vampiro (para que fique registrado: Quem quiser me presentear e estiver em dúvida no que dar, uma boa história de vampiro não tem erro.) logo veio a ânsia de assistir. Contei para o Ariel que é outro louco pelas “criaturas da noite” assim como eu, mais especificamente dos vampiros, que me falou um pouco sobre a história, de como se tratava de uma série de livros com bastante sucesso. Aguentei silenciosamente a frustração por não conseguir dar nenhuma notícia realmente nova para ele (é incrível como você consegue se sentir desinformado perto dele!) e aguardei o lançamento do filme para comprar o livro, numa tentativa corajosa de não olhá-lo com muito rigor em virtude da sombra da obra mesmo. A receita não é exatamente o que chamaríamos de original, adolescente se muda para uma cidade pequena no interior de Washington, Forks, para morar junto ao pai com quem não tem muito contato. Em meio a uma adaptação um pouco complicada, acaba conhecendo e rapidamente se encantando por um rapaz de uma família gentil, mas considerada esquisita por todos na cidade. Com o decorrer da história a heroína se vê com um namorado vampiro e um melhor amigo (doido para passar a status de namorado) lobisomem e suas respectivas “famílias”. Tudo isso em meio a uma série de acontecimentos que põe em risco a sua vida e a dos próximos a ela. Certamente já tem um apressadinho se preparando para ler o qual será o ponto do desastre que eu irei apontar. Pois é exatamente aí que vocês se enganam. Porém serei bem sincera, diferente dos outros não gostei da história ao ver o filme. Me pareceu batida, açucarada, e sem graça. Não entendi como tinha conseguido cativar tanta gente. Algo realmente sem pé nem cabeça. Mas, antes que os fanáticos por essa saga me jurem de morte e amaldiçoem o meu nome por toda a eternidade, suplico que me permitam terminar. Quem não me conhece e não sabe muito sobre a extensão dos meus problemas de obsessão, quando o assunto se resume a livro, pode ter ficado surpreso que após toda essa “boa impressão” mesmo assim eu tenha comprado o livro, mas eu comprei. E é aí que vem a verdadeira surpresa: amei o livro. Contra todas as possibilidades e contra todas as minhas convicções pessoais, mesmo assim eu amei o livro. Entendo que todo esse desconserto possa parecer muito exagerado a primeira vista, afinal o que isso tem demais? Uma pessoa gostou de um livro que não sei quantas pessoas gostaram também. Mas o motivo é pra lá de lógico, acontece que até este momento eu não havia gostado de nenhuma história em que a “base” é romântica. Não vou dizer exatamente o porquê, pois ainda pretendo escrever sobre esses livros e esse não é um post do porque eu gosto dessa saga, mas posso dizer que os filmes que fizeram deles foram muito, mas MUITO bem feito mesmo. Imagino que certamente agora estão bastante chateados por terem perdido tanto tempo para ler o que uma maluca escreveu, pensando, como ela pode dizer que não gostou dos filmes mas, adorou os livros e depois passou a gostar dos filmes, não faz sentido algum. Eu entendo, a princípio é isso que parece. O que acontece é que você só consegue apreciar realmente o filme se ler antes o livro, esse é o ponto crucial, tudo aquilo que parecia banal e um exagero (estou falando principalmente do romance em si) tem uma explicação plausível. Não estou dizendo que você não irá curtir se for ao cinema sem ter lido o livro, mas certamente não entenderá mais da metade do que realmente está se passando lá, pelo menos essa é a minha opinião. Entenda: se Harry Potter já é imerso em filosofia, Crepúsculo é basicamente feito para passar uma filosofia adiante. É como se a história fosse uma grande alegoria onde os fatos que acontecem são um mero pano de fundo onde a idéia é passada. Como já disse não vou entrar mais na história pois pretendo escrever ainda sobre essa saga, sinto que falei demais inclusive. O que tenho a dizer é: leiam o livro para que possam REALMENTE entender o filme, pois há uma infinidade de pessoas que criticam essa saga sem ao menos saberem o que ela realmente significa.
Após essa infinidade de texto, a minha conclusão baseada em tudo que foi narrado aqui é a seguinte, se possível não deixe nunca de ler o livro. Claro que é apenas um conselho e não significa que você é um otário se não leu ou não deseja ler o livro dessa ou daquela adaptação, mas seja porque o filme te encantou ou porque não, sempre haverá essa lacuna entre você e a história real, um mundo de filosofia perdida que contém em cada frase dita. Sei que parece que estou fazendo tempestade num copo d'água, mas é que há tanto a perder e às vezes parece que o cinema se tornou um verdadeiro “Fast-food” das histórias, pessoas engolem desesperadamente um número cada vez maior de dados sem ao menos parar para pensar nos que estão "comendo". Entendo que a agitação do nosso dia-a-dia torna tudo isso muito mais difícil, porém acreditem, vale muito apena, até mesmo para conseguir apreciar de fato uma adaptação bem feita. Ou para odiá-la até a morte.
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B"H
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