B"H
Já há algum tempo que estou ensaiando esse post, mas depois da aula de psicologia da educação que tive agora pouco eu resolvi escrever logo.
Durante boa parte da minha infância e pré-adolescência eu achava que "nerd" era xingamento. Muitas coisas contribuíram pra isso e duas delas foram decisívas: os filmes Hollywoodianos e os próprios nerds em si. Como todo o resto do mundo não nerd (e até mesmo como alguns nerds) eu achava que essa palavra caracterizava gente esquisita, feia, desajustada, muito (mas muito mesmo) inteligente e infeliz. Toda vez que alguém me chamava de nerd aquilo doía no fundo da minha alma e sempre havia protesto: "eu não sou nerd, seu idiota." Isso poderia vir junto com lágrimas ou não. Criança geralmente é muito dramática. Depois que eu cresci um pouco e entrei na pré-adolescência alguém me chamou de nerd (eu já não me lebro quem foi) e eu reagi como sempre (só não chorei porque adolescente não chora, ele prefere tramar uma vingança malígna contra você). Dessa vez foi diferente (até então eu não sabia que a minha história seria mudada para sempre). Essa pessoa esquecida no meu passado não se contentou em rir da minha cara, pelo contrário, resolveu me explicar o que aquilo significava. Bem, eu realmente adorava revistinha em quadrinho, era meio viciado, adorava Star Treck e Star Wars, amava desenhos e videogame (apesar de nunca ter tido um, eu sempre jogava no dos outros), não era popular, era tímido e não me interessava por quase nenhum esporte. Bem, eu era um nerd, só não sabia disso. Foi por isso que aquela conversa mudou minha vida, eu agora pertencia a uma tribo. (só não sabia se era a melhor)
O tempo passou e eu cresci, mudei, aprendi, esqueci... e acabei conhecendo cada vez mais pessoas nerds. Na verdade eu nunca imaginei que haviam tantos de nós. O primeiro evento de anime e mangá que eu fui (levado por uma amiga minha) me ensinou que: por menor que seja o espaço (e ele normalmente nem é tão pequeno assim) sempre cabe mais um. Me ensinou também que eu era normal, na verdade aumentou minha auto-estima (tem cada figura nestes lugares que você sai agradecendo a D´s por ser quem você é). Meu primeiro cosplay (de Death Eater) foi realmente libertador. Eu já, nessa época, tinha orgulho de ser nerd. Até então eu achava o máximo a tribo nerd porque ela era a mais democrática que existia. Depois de um tempo eu descobri que um nerd pode não ter praticamente nada a ver com outro. Nunca sofri nenhum tipo de preconceito nesse meio. Mas as coisas estão mudando. Acho que cada vez mais a sociedade está fabricando desajustados sociais e desequilibrados emocionais que vêem o universo nerd como uma tábua de salvação. E são exatamente essas pessoas que estão começando uma revolução silenciosa que na minha opinião pode acabar com o que há de mais legal no nosso mundo: o respeito pela identidade do outro. Tenho notado que na mesma proporção em que os nerds aumentam surgem mais casos de outros nerds levantando uma bandeira de pureza que NÃO EXISTE. PC Siqueira (pra quem não conhece entre no canal MASPOXAVIDA e divirta-se, vale MUITO a pena) tornou-se uma espécie de símbolo do mundo nerd que não quer se formatar num estereótipo castrador que transforma tanta gente em alienados sociais. Quem já leu o meu primeiro post (Barba, kipá, trocadores de van e ponte Rio Niterói) sabe que eu sofro muito preconceito por usar uma barba um pouco maior do que a maioria dos homens. Por que eu não posso usar barba? Por que precisao ser como as pessoas acham que eu devo ser? Alguns imbecís andam por ai em outros blogs dizendo que o PC não é nerd porque ele tem tatuagens e já teve namorada. Vejam como os valores se inverteram. Antes o nerd era aquele que não conseguia ser como os caras (ou as garotas) populares. Era aquele que venderia a mãe no mercado negro só para fazer parte da galera cool do colégio. Exemplos em filmes é o que não falta, "Namorada de aluguél" é um ótimo exemplo. Hoje não. O cara tem que ter cartão de desajustado para ser aceito como nerd. ¬¬
Acho que o problema dos nerds com o sexo sempre foi porque o sexo deixou de ser uma conseqüência natural do amor entre duas pessoas e passou a ser um campeonato de popularidade e habilidade. O nerd nunca conseguiria ganhar um campeonato desses (até porque "dinossauros são muito importantes"). Mas os nerds também amam (daria um ótimo título de filme... peraí... já deu!) Quer dizer: se hoje eu começar a namorar eu perco o direito de jogar RPG? o_O
No futuro vão me perguntar:
- Você sabe falar Qenia?
- Não. Serve hebraico?
- Não. Só serve língua élfica. Você tá fora.
Estou prevendo o dia em que o calendário vai ter uma data especial para celebrar o Dia do Orgulho Nerd. Um comitê vai ser feito para proteger os direitos dos nerds e bandeiras serão criadas para simbolizar este movimento. O Jornal Nacional vai dedicar um quadro especial como: Seu filho é um nerd? Saiba como reconhecer! Acho isso tudo uma grande palhaçada.
Se você é nerd sinta orgulho por ser quem você é, e não por ser nerd. Se você não é nerd orgulhe-se da mesma forma. E se você é um trocador de van que fica me xingando por ser barbudo eu espero que você encontre com um poste quando estiver com a cabeça pra fora me zoando.
Já há algum tempo que estou ensaiando esse post, mas depois da aula de psicologia da educação que tive agora pouco eu resolvi escrever logo.
Durante boa parte da minha infância e pré-adolescência eu achava que "nerd" era xingamento. Muitas coisas contribuíram pra isso e duas delas foram decisívas: os filmes Hollywoodianos e os próprios nerds em si. Como todo o resto do mundo não nerd (e até mesmo como alguns nerds) eu achava que essa palavra caracterizava gente esquisita, feia, desajustada, muito (mas muito mesmo) inteligente e infeliz. Toda vez que alguém me chamava de nerd aquilo doía no fundo da minha alma e sempre havia protesto: "eu não sou nerd, seu idiota." Isso poderia vir junto com lágrimas ou não. Criança geralmente é muito dramática. Depois que eu cresci um pouco e entrei na pré-adolescência alguém me chamou de nerd (eu já não me lebro quem foi) e eu reagi como sempre (só não chorei porque adolescente não chora, ele prefere tramar uma vingança malígna contra você). Dessa vez foi diferente (até então eu não sabia que a minha história seria mudada para sempre). Essa pessoa esquecida no meu passado não se contentou em rir da minha cara, pelo contrário, resolveu me explicar o que aquilo significava. Bem, eu realmente adorava revistinha em quadrinho, era meio viciado, adorava Star Treck e Star Wars, amava desenhos e videogame (apesar de nunca ter tido um, eu sempre jogava no dos outros), não era popular, era tímido e não me interessava por quase nenhum esporte. Bem, eu era um nerd, só não sabia disso. Foi por isso que aquela conversa mudou minha vida, eu agora pertencia a uma tribo. (só não sabia se era a melhor)
O tempo passou e eu cresci, mudei, aprendi, esqueci... e acabei conhecendo cada vez mais pessoas nerds. Na verdade eu nunca imaginei que haviam tantos de nós. O primeiro evento de anime e mangá que eu fui (levado por uma amiga minha) me ensinou que: por menor que seja o espaço (e ele normalmente nem é tão pequeno assim) sempre cabe mais um. Me ensinou também que eu era normal, na verdade aumentou minha auto-estima (tem cada figura nestes lugares que você sai agradecendo a D´s por ser quem você é). Meu primeiro cosplay (de Death Eater) foi realmente libertador. Eu já, nessa época, tinha orgulho de ser nerd. Até então eu achava o máximo a tribo nerd porque ela era a mais democrática que existia. Depois de um tempo eu descobri que um nerd pode não ter praticamente nada a ver com outro. Nunca sofri nenhum tipo de preconceito nesse meio. Mas as coisas estão mudando. Acho que cada vez mais a sociedade está fabricando desajustados sociais e desequilibrados emocionais que vêem o universo nerd como uma tábua de salvação. E são exatamente essas pessoas que estão começando uma revolução silenciosa que na minha opinião pode acabar com o que há de mais legal no nosso mundo: o respeito pela identidade do outro. Tenho notado que na mesma proporção em que os nerds aumentam surgem mais casos de outros nerds levantando uma bandeira de pureza que NÃO EXISTE. PC Siqueira (pra quem não conhece entre no canal MASPOXAVIDA e divirta-se, vale MUITO a pena) tornou-se uma espécie de símbolo do mundo nerd que não quer se formatar num estereótipo castrador que transforma tanta gente em alienados sociais. Quem já leu o meu primeiro post (Barba, kipá, trocadores de van e ponte Rio Niterói) sabe que eu sofro muito preconceito por usar uma barba um pouco maior do que a maioria dos homens. Por que eu não posso usar barba? Por que precisao ser como as pessoas acham que eu devo ser? Alguns imbecís andam por ai em outros blogs dizendo que o PC não é nerd porque ele tem tatuagens e já teve namorada. Vejam como os valores se inverteram. Antes o nerd era aquele que não conseguia ser como os caras (ou as garotas) populares. Era aquele que venderia a mãe no mercado negro só para fazer parte da galera cool do colégio. Exemplos em filmes é o que não falta, "Namorada de aluguél" é um ótimo exemplo. Hoje não. O cara tem que ter cartão de desajustado para ser aceito como nerd. ¬¬
Acho que o problema dos nerds com o sexo sempre foi porque o sexo deixou de ser uma conseqüência natural do amor entre duas pessoas e passou a ser um campeonato de popularidade e habilidade. O nerd nunca conseguiria ganhar um campeonato desses (até porque "dinossauros são muito importantes"). Mas os nerds também amam (daria um ótimo título de filme... peraí... já deu!) Quer dizer: se hoje eu começar a namorar eu perco o direito de jogar RPG? o_O
No futuro vão me perguntar:
- Você sabe falar Qenia?
- Não. Serve hebraico?
- Não. Só serve língua élfica. Você tá fora.
Estou prevendo o dia em que o calendário vai ter uma data especial para celebrar o Dia do Orgulho Nerd. Um comitê vai ser feito para proteger os direitos dos nerds e bandeiras serão criadas para simbolizar este movimento. O Jornal Nacional vai dedicar um quadro especial como: Seu filho é um nerd? Saiba como reconhecer! Acho isso tudo uma grande palhaçada.
Se você é nerd sinta orgulho por ser quem você é, e não por ser nerd. Se você não é nerd orgulhe-se da mesma forma. E se você é um trocador de van que fica me xingando por ser barbudo eu espero que você encontre com um poste quando estiver com a cabeça pra fora me zoando.
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