B"H
Esse provavelmente será o post mais chato de todos deste blog, isso porque nossos assuntos prediletos não serão tema dele. Quero falar um pouquinho sobre um conceito já muito discutido em literatura e poesia que é a "coisificação do homem". Esse post é direcionado para quem tem interesse nessa área, de pensar sobre o humano e buscar meios de mudar a sociedade.
Hoje na aula de psicologia da educação eu me deparei com um assunto já amplamente estudado na Faculdade de Letras, mais especificamente na literatura e teoria literária. A "coisificação do homem". A diferença é que a professora resolveu dar a aula em uma dinâmica de grupo em que todos deveriam falar um pouco sobre "Delicadeza" como exposto pela autora Maria Rita Kehl em seu artigo para o livro A condição humana, as aventuras do homem em tempos de mutações, exemplificando com um acontecimento vivido por cada um. Dentre todas as histórias a que mais me chocou (mexeu tanto comigo que estou aqui escrevendo para vocês) foi a da minha colega Regiane, que fez hebraico comigo na UFRJ.
Há alguns anos atrás (não sei precisar quantos) Regiane estudava no Pedro II. Para quem não conhece esse colégio é cercado por vários morros. Durante um período de tempo tornou-se costume que as crianças dos morros descessem para a porta do colégio para roubarem o lanche dos alunos. Por isso os pais passaram a levar seus filhos até dentro do colégio. Num desses dias, durante a entrada, quando o colégio estava cheio de pais e alunos, aconteceu um tiroteio num posto de gasolina perto do colégio e uma criança foi baleada. O colégio entrou em desespero porque a criança estava com o uniforme do Pedro II e os pais não eram achados na multidão. O próprio guarda do colégio começou a chorar dizendo que ele mesmo tinha filhos e que poderia ter sido um deles, e procurava os pais do menino. Como o tiroteio não parava todos estavam apavorados demais para irem até o garoto mas o guarda conseguiu sair e descobrir que o menino era morador de um dos morros e não aluno do colégio. Aliviado ele voltou para lá dizendo pra não se preocuparem que a criança não era aluna e que era um menino da favela que com certeza ganhara o uniforme usado. Não era responsabilidade do colégio. Todos se acalmaram menos uma médica do posto de dentro do colégio que saiu correndo pedindo ajuda e gritando: "pelo amor de D´s acudam! É UMA CRIANÇA!"
Ninguém fez nada, só ela e quem estava na rua.
Confesso que fiquei chocado. A que ponto chegamos e para onde estamos indo? O ser humano virou o que? Nada! O homem hoje vale a roupa que usa, o carro que dirige, o cargo no trabalho, a conta no banco, o nome que carrega e, por que não? o uniforme que veste.
Pense um pouco sobre isso e reflita como você pode mudar o mundo hoje.
(Ils cassent le monde)
Eles quebram o mundo
Eles quebram o mundo
Em pedacinhos
Eles quebram o mundo
A marteladas
Para mim não faz diferença
Não faz diferença alguma
Ainda me sobra muito
Ainda sobra muito pra mim
Basta que eu ame
Uma pena azul
Uma trilha de areia
Uma ave assustada
Basta que eu ame
Um ramo frágil de erva
Uma gota de orvalho
Um grilo do campo
Eles podem quebrar o mundo
Em pedacinhos
Ainda me sobra muito
Terei sempre um pouco de ar
Um filete de vida
Uma nesga de luz no olhar
E o vento nas urtigas
E mesmo se, mesmo
Se me prenderem
Ainda me sobra muito
Ainda sobra muito pra mim
Basta que eu ame
Esta pedra corroída
Estes ganchos de ferro
Onde um pouco de sangue se demora
Eu amo, eu amo
A madeira gasta da minha cama
O estrado e o colchão de palha
A poeira do sol
Amo o postigo que se abre
Os homens que entraram
Que avançam, que me levam
A reencontrar a vida do mundo
A reencontrar a cor
Amo este par de altas traves
Esta lâmina triangular
Estes senhores vestidos de preto
É minha festa e me orgulho
Eu amo, eu amo
Este cesto cheio de farelo
Onde vou pousar a cabeça
Oh, eu amo deveras
Basta que eu ame
Um raminho de erva azul
Uma gota de orvalho
Um amor de ave assustada
Eles quebram o mundo
Com seus maciços martelos
Ainda me sobra muito
Ainda sobra muito pra mim, meu coração.
(Boria Vian)
Esse provavelmente será o post mais chato de todos deste blog, isso porque nossos assuntos prediletos não serão tema dele. Quero falar um pouquinho sobre um conceito já muito discutido em literatura e poesia que é a "coisificação do homem". Esse post é direcionado para quem tem interesse nessa área, de pensar sobre o humano e buscar meios de mudar a sociedade.
Hoje na aula de psicologia da educação eu me deparei com um assunto já amplamente estudado na Faculdade de Letras, mais especificamente na literatura e teoria literária. A "coisificação do homem". A diferença é que a professora resolveu dar a aula em uma dinâmica de grupo em que todos deveriam falar um pouco sobre "Delicadeza" como exposto pela autora Maria Rita Kehl em seu artigo para o livro A condição humana, as aventuras do homem em tempos de mutações, exemplificando com um acontecimento vivido por cada um. Dentre todas as histórias a que mais me chocou (mexeu tanto comigo que estou aqui escrevendo para vocês) foi a da minha colega Regiane, que fez hebraico comigo na UFRJ.
Há alguns anos atrás (não sei precisar quantos) Regiane estudava no Pedro II. Para quem não conhece esse colégio é cercado por vários morros. Durante um período de tempo tornou-se costume que as crianças dos morros descessem para a porta do colégio para roubarem o lanche dos alunos. Por isso os pais passaram a levar seus filhos até dentro do colégio. Num desses dias, durante a entrada, quando o colégio estava cheio de pais e alunos, aconteceu um tiroteio num posto de gasolina perto do colégio e uma criança foi baleada. O colégio entrou em desespero porque a criança estava com o uniforme do Pedro II e os pais não eram achados na multidão. O próprio guarda do colégio começou a chorar dizendo que ele mesmo tinha filhos e que poderia ter sido um deles, e procurava os pais do menino. Como o tiroteio não parava todos estavam apavorados demais para irem até o garoto mas o guarda conseguiu sair e descobrir que o menino era morador de um dos morros e não aluno do colégio. Aliviado ele voltou para lá dizendo pra não se preocuparem que a criança não era aluna e que era um menino da favela que com certeza ganhara o uniforme usado. Não era responsabilidade do colégio. Todos se acalmaram menos uma médica do posto de dentro do colégio que saiu correndo pedindo ajuda e gritando: "pelo amor de D´s acudam! É UMA CRIANÇA!"
Ninguém fez nada, só ela e quem estava na rua.
Confesso que fiquei chocado. A que ponto chegamos e para onde estamos indo? O ser humano virou o que? Nada! O homem hoje vale a roupa que usa, o carro que dirige, o cargo no trabalho, a conta no banco, o nome que carrega e, por que não? o uniforme que veste.
Pense um pouco sobre isso e reflita como você pode mudar o mundo hoje.
(Ils cassent le monde)
Eles quebram o mundo
Eles quebram o mundo
Em pedacinhos
Eles quebram o mundo
A marteladas
Para mim não faz diferença
Não faz diferença alguma
Ainda me sobra muito
Ainda sobra muito pra mim
Basta que eu ame
Uma pena azul
Uma trilha de areia
Uma ave assustada
Basta que eu ame
Um ramo frágil de erva
Uma gota de orvalho
Um grilo do campo
Eles podem quebrar o mundo
Em pedacinhos
Ainda me sobra muito
Terei sempre um pouco de ar
Um filete de vida
Uma nesga de luz no olhar
E o vento nas urtigas
E mesmo se, mesmo
Se me prenderem
Ainda me sobra muito
Ainda sobra muito pra mim
Basta que eu ame
Esta pedra corroída
Estes ganchos de ferro
Onde um pouco de sangue se demora
Eu amo, eu amo
A madeira gasta da minha cama
O estrado e o colchão de palha
A poeira do sol
Amo o postigo que se abre
Os homens que entraram
Que avançam, que me levam
A reencontrar a vida do mundo
A reencontrar a cor
Amo este par de altas traves
Esta lâmina triangular
Estes senhores vestidos de preto
É minha festa e me orgulho
Eu amo, eu amo
Este cesto cheio de farelo
Onde vou pousar a cabeça
Oh, eu amo deveras
Basta que eu ame
Um raminho de erva azul
Uma gota de orvalho
Um amor de ave assustada
Eles quebram o mundo
Com seus maciços martelos
Ainda me sobra muito
Ainda sobra muito pra mim, meu coração.
(Boria Vian)
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